O Grupo Municipal do PSD na Assembleia Municipal da Horta apresentou um voto de pesar pelo falecimento de Mário de Mesquita Frayão.
O voto apresentado pelo deputado municipal Laurénio Tavares foi aprovado por unanimidade.
𝐕𝐎𝐓𝐎 𝐃𝐄 𝐏𝐄𝐒𝐀𝐑
𝐅𝐚𝐥𝐞𝐜𝐢𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐝𝐞 𝐌𝐚́𝐫𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐌𝐞𝐬𝐪𝐮𝐢𝐭𝐚 𝐅𝐫𝐚𝐲𝐚̃𝐨
Mário de Mesquita Frayão nasceu na freguesia da Matriz, da cidade da Horta, a 05 de outubro de 1928 e faleceu no dia 04 de outubro de 2020, um dia antes de completar 92 anos de idade.
Em 1935 ingressou na Escola Primária, e em outubro de 1939, entrou para o então Liceu Nacional da Horta.
Começou a pisar o palco aos 14 anos de idade no Sporting Clube da Horta.
Aos 16 anos, juntamente com alguns colegas do 6º ano, participou em espetáculos do grupo dramático do Pasteleiro, mais conhecido por teatro da “Sociedade dos Mortos” (“Sociedade Recreativa Pasteleirense”).
No Verão de 1945 concluiu o Liceu e empregou-se na “Casa Bensaúde”, onde era uma espécie de caixeiro-do-mar, indo a bordo dos navios.
Mário Frayão, volvidos sete anos mudou-se para a firma do sogro e, mais tarde, tornou-se bancário, profissão em que trabalhou, primeiro no Faial e depois em Lisboa, para onde se mudou com a família em 1974. Na capital, viveu o chamado “Verão quente”.
Após 14 anos de serviço em Lisboa reformou-se, e tempo depois regressou à sua terra.
Em 1944/45 juntou-se a Dias de Melo na fundação da Associação Cultural Académica que reuniu internos e externos do Liceu da Horta em sessões literárias que decorriam, às sextas-feiras, no salão dos Bombeiros Voluntários. Estas sessões realizaram-se durante cerca de dois anos e culminaram com a realização dos I Jogos Florais Académicos.
Sendo declamador desde novo, Mário Frayão afirmava-se incapaz de escrever um simples verso, embora tivesse gosto e orgulho na forma como dizia poesia, considerando-se um intérprete e não um criativo.
No Teatro encontrou a sua grande paixão, tendo sido vasta a colaboração com o Sporting da Horta.
Arrependia-se de nunca ter escrito uma peça de teatro, seguindo o caminho de encenador.
Em 1945/46 fez parte do elenco do Grupo Dramático Faialense, sedeado na Sociedade “Amor da Pátria” e dirigido por Joaquim Viana e Amílcar Goulart, juntando-se a amadores como a irmã Otília, Tereza Rodrigues, Carlos Ramos, António Simões, José de Lacerda e outros.
Na década de 50 do século passado foi empresário de exibição de filmes. Neste contexto recordava com orgulho o facto de ter levado pela primeira vez o cinema à ilha das Flores, no ano de 1958, o que constituiu uma novidade e uma experiência extraordinária, ainda hoje lembrada pelos florentinos de mais idade.
Ainda no que à sétima arte diz respeito, ficaram célebres as sessões de cinema ao ar livre no Castelo de Santa Cruz e no salão do Sporting, por onde passaram muitos dos maiores sucessos do cinema europeu da época, mas, também, algumas películas do melhor cinema americano de que foi exemplo o famoso “Oklahoma”, aquando da inauguração do Cinemascópio, na esplanada do Castelo.
Mário Frayão, foi adjunto do Delegado da Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho – FNAT (atual INATEL) no Faial, na Área das Atividades Artísticas.
Na década de 60, com José Pacheco de Almeida e Jaime Baptista Peixoto, participou na redação do suplemento “O Triângulo”, do jornal “Correio da Horta”, o qual relançou na sociedade faialense a ideia da união económica e cultural das vizinhas ilhas do Faial, Pico e São Jorge.
Foi colaborador na imprensa local, tendo sido um dos Fundadores da Cooperativa IAIC-Informação, Animação e Intercambio Cultural, CRL, que deu origem ao jornal “Tribuna das Ilhas”, destacando-se o seu papel como primeiro Diretor deste semanário, entre os anos de 2002 e 2006. Foi ainda fundador do jornal “O Oceânico”.
É de recordar ainda a rubrica “Quem Conta um Conto”, que assinou no “Telégrafo” durante vários anos.
Em 1966 foi um dos organizadores das conhecidas Conferências do antigo “Grémio Literário Artista Faialense”, forçadas a encerrar depois da Homenagem prestada ao escritor Ferreira de Castro, conhecido opositor do regime salazarista, nos seus 50 anos de vida literária.
Mário Frayão, foi também um opositor convicto do regime da ditadura, derrubado pelo 25 de Abril de 1974.
No ano de 1969 fez parte do secretariado dirigido por Tomaz Duarte, na organização da III Semana de Estudos, realizada na Horta, tendo sido responsável pelo programa de acompanhamento artístico, nomeadamente através da encenação da peça “Alguém Terá de Morrer”, de Luís Francisco Rebelo, e que foi representada no Teatro Faialense.
Ainda nas artes do palco, foi co-autor e co-encenador da Revista “Queres é Tacho!”, um sucesso popular que registou 14 representações no Teatro Faialense, uma organização do Fayal Sport Club.
É igualmente de registar a sua estreita colaboração com Horácio Saloio, onde se inclui a participação como ator na famosa Revista “A Horta de Clipper”, no Sporting, e, posteriormente, a leitura habitual das sempre lembradas “Cartas da Semana”, no Teatro Faialense, durante os espetáculos da CARPE – Comissão Angariadora de Receitas Pró-Estádio do Fayal Sport Club.
Na Televisão participou na novela “Mau Tempo no Canal”, desempenhando o papel de Tio Mateus.
Foi colaborador convidado para participar no Documentário Televisivo “Sociedade Amor da Pátria – 150 Anos”, realizado no âmbito do 150º Aniversário desta instituição social, recreativa e cultural faialense, exibido na RTP/Açores e RTP/Internacional, em novembro de 2009, da autoria da Jornalista Cristina Silveira.
A Rádio, onde colaborou ultimamente, constituiu uma descoberta recente na qualidade de cronista, revelando-se outra das suas paixões.
Defensor acérrimo do Faial foi, durante cerca de 40 anos em períodos alternados, Presidente da Assembleia-Geral da Sociedade Filarmónica “Unânime Praiense”.
Pertenceu, ainda, à Direcção da Sociedade “Amor da Pátria” no ano em que esta comemorou o seu 1º Centenário, com a particularidade de na altura ser o elemento mais jovem e o responsável pela organização do programa cultural.
Por outro lado, também foi colaborador do Dr. Costa Garcia nas suas Escolas Comunitárias, tendo, ainda, integrado a primeira administração da “Açortur”, hoje “Azoris Faial Hotel” (“Hotel Fayal”).
Mário Frayão, no campo político foi Vereador da Cultura da Câmara Municipal da Horta e, mais recentemente, no mandato de 2009 a 2013, foi Deputado Municipal pela CDU.
Em 2013, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores homenageou-o no Dia da Região, pela sua Acão nas vertentes Social e Cultural na Ilha do Faial e, em 2014, a Câmara Municipal da Horta, reconhecendo também o seu percurso nestas áreas, distinguiu-o no Dia da Cidade (4 de Julho), com a Medalha de Mérito Municipal.
Em Maio de 2016 foi homenageado pela Casa dos Açores de Lisboa pelo contributo dado à sua comunidade durante uma vida, tendo recebido uma Medalha executada pelo artista plástico Carlos Matos.
Em 2017 recebeu a “Distinção de Mérito” entregue pela Sociedade “Amor da Pátria”, aquando do 158º Aniversário desta Sociedade.
É autor do livro “Crónicas e outras estórias”, publicado em fevereiro de 2016. Em 2018 lançou o seu segundo livro intitulado “Memórias com Sorrisos” (com a participação de Cristina Silveira), no dia a seguir a ter completado 90 anos de idade (06 de Outubro).
Assim, considerando a sua vasta e valiosa contribuição cívica, cultural e política, a par da acérrima e desassombrada defesa do Faial, o Grupo Municipal do PSD, propõe que a Assembleia Municipal da Horta, reunida a 27 de Novembro de 2020, aprove um voto de pesar pelo falecimento do distinto faialense, Mário de Mesquita Frayão.
Propõe ainda que deste voto seja dado conhecimento:
À sua família,
Ao Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores,
À Secretária Regional da Cultura, Ciência e Transição Digital,
Ao Presidente da Câmara Municipal da Horta,
Aos órgãos de comunicação social sediados no Faial.
Horta, 27 de novembro de 2020
