Nos dias 17 a 19 de janeiro, realizou-se o XXIV Congresso Regional do PSD/Açores.
Sandra Goulart, Vereadora na Câmara Municipal da Horta e Delegada no Congresso, realizou uma intervenção sobre educação.
“Excelentíssimo Senhor Presidente da Mesa do Congresso
Excelentíssimo Senhor Presidente do Partido
Caras e Caros Companheiros
Começo por saudar todos aqueles que organizaram este que é o XXIV Congresso do Partido Social Democrata dos Açores. Não podia ter sido melhor escolhido o local para a realização deste encontro, a simpática vila da Madalena, nesta magnífica ilha montanha, onde a hospitalidade sempre impera.
E é precisamente o Pico, que diariamente me relembra que apesar de vivermos numa ilha, e como tal, rodeados por mar, não estamos isolados, temos ilhas vizinhas, vivemos num arquipélago, onde as nossas diferenças e particularidades não nos devem afastar, nem rivalizar, mas bem pelo contrário, nos devem completar e unir.
Assumo, que a minha experiência política é ainda muito reduzida, pois foi necessário chegar à ternura dos 40 para me aventurar por estes caminhos. Contudo, o tema que vos trago hoje faz parte de, praticamente, toda a minha existência.
Inicialmente como aluna e, posteriormente, como professora e encarregada de educação, já levo na bagagem 39 anos de escola.
Sou professora por opção e vocação, mas não deixo de ver que a Educação, uma área que considero fundamental da nossa sociedade, é muitas vezes desvalorizada pelos nossos atuais governantes.
Até mesmo para os mais distraídos, basta um rápido olhar aos sucessivos títulos dos jornais para verificarem o ponto a que chegámos.
Como já foi aqui anteriormente referido, os alunos dos Açores apresentam dos resultados mais baixos em relação ao aproveitamento escolar, em diferentes áreas de literacia, mas, pelo contrário, apresentam dos valores mais elevados no que respeita ao abandono escolar precoce, o que se reflete de forma inequívoca na dificuldade no acesso ao mercado de trabalho e consequentemente, na manutenção da elevada taxa de pobreza existente na região.
Mas uma escola não se faz só de alunos.
Atualmente a Região vê-se confrontada com outra realidade que não pode ser descurada, falo da falta de professores qualificados para a docência.
Em resultado da forma como os professores têm vindo a ser tratados, as constantes novas exigências que lhes são apresentadas, o excesso de carga burocrática, as extensas horas de trabalho não contabilizado, a precarização do vínculo laboral e a instabilidade associada, tem levado ao abandono desta profissão por muitos professores e à procura por outras áreas de emprego, e até à redução do número de alunos universitários matriculados em cursos ligados ao ensino.
Para além disso, os professores têm sido dos profissionais com mais sinais de exaustão física e emocional, o vulgarmente designado burnout. Segundo um estudo recente desenvolvido pelo ISCTE, entre 40 a 60% dos professores dos Açores sofre desta condição de esgotamento profissional, o que é deveras preocupante.
Estas são, sem dúvida, consequências das erradas políticas educativas levadas a cabo pelo governo socialista nos Açores ao longo destes mais de 20 anos de governação.
Não chega colocar em prática projetos com nomes pomposos, mas com resultados duvidosos, e dizer que o Sucesso está ao virar da esquina, desvalorizando todos estes problemas que afetam a educação.
Basta de brincar ao faz de conta!
O assunto é demasiado sério, e é necessário encará-lo de frente. Para isso, é fundamental criar as condições para uma educação de qualidade nos Açores, como aqui já foi referido e bem pela companheira Sofia Ribeiro, e que volto a salientar alguns aspetos, nomeadamente, o investimento na Educação desde a primeira infância, o desenvolvimento de um modelo de ensino que estimule o potencial de cada um e não apenas centrado nos alunos que apresentam insucesso, com respostas diferenciadas adequadas às diversas situações, mas também, com um olhar atento aos recursos humanos, e foco principalmente os professores, elementos fulcrais da educação.
É necessário criar políticas que tornem a função docente mais atrativa, promover a sua formação ao longo da vida, fomentar a sua estabilidade profissional e sem dúvida voltar a dignificar a sua carreira.
Só com profissionais motivados, valorizados e qualificados, poderemos ter a educação que todos nós desejamos e principalmente, que todos os jovens açorianos merecem.
Presidente José Manuel Bolieiro, nesse sentido, conto consigo já no decorrer do próximo ano letivo!
Obrigada pela atenção!”