Segundo os Anais do Município da Horta, os faróis na ilha do Faial resultaram de uma deliberação da Câmara Municipal em 1884 a solicitar a construção de duas infraestruturas deste género de apoio à navegação marítima no seu concelho, uma na ponta dos Capelinhos e outra na ponta da Ribeirinha.
Se o farol dos Capelinhos foi inaugurado em 1903, o da Ribeirinha apenas 17 anos depois, em 1919 com a sua torre quadrangular de 20 metros de altura e quatro moradias anexas começou a servir de guia aos navios que sulcavam à noite as águas que unem as três ilhas do Triângulo: Faial, Pico e São Jorge.
O Farol da Ribeirinha baseou-se num projeto tipo das autoridades nacionais e foi construído, sobretudo, com materiais importados do Continente: pilares de calcário e molduras das portas e janelas, paredes de alvenaria de tijolo cerâmico e forradas externamente por azulejos de cor branca e uma cúpula em cobre, pintada de vermelho vivem, com um sistema de óticas incorporado e uma lâmpada rotativa, inicialmente alimentada a combustível e exposta neste salão, que só mais tarde foi substituída por outra elétrica cujo foco de luz era visível a 29 milhas marítimas.
Pela sua posição sobranceira ao Triângulo e no cimo do extremo oriental da Lomba da Ribeirinha e permitir a residência quatro famílias de faroleiros que periodicamente eram substituídas por outros, o farol da Ribeirinha tornou-se num dos edifícios de referência do Canal, destacado por Vitorino Nemésio no seu livro emblemático “Mau tempo no Canal” e num centro de convívio cultural da freguesia que o acolhia e um espaço de intercâmbio dos Ribeirinhenses com gentes de outras ilhas e mesmo do Continente, deixando marcas sociais muito significativas no carácter das pessoas que vivem na Ribeirinha e criando laços familiares e de amizade com gente dos mais variados lugares dos Açores.
Por isso, desde 1994 que a Junta de Freguesia começou a envidar esforços para incorporar o seu farol como o principal elemento heráldico do seu brasão o que se tornou realidade, infelizmente, só depois da sua parcial destruição com o sismo de 9 de julho de 1998.
A importância deste imóvel como referência para muitos Faialenses levou que entre o ano 2000 e 2001 milhares de pessoas subscrevessem um abaixo-assinado para a reconstrução do Farol da Ribeirinha, intenção que infelizmente nunca foi concretizada.
Todavia, não é possível esquecer que os tempos não se repetem e as tecnologias de apoio à navegação marítima hoje em dia não carecem de uma infraestrutura com a mesma tipologia que a do início do século XX, mas a importância do Farol da Ribeirinha não deve desaparecer da memória do Concelho da Horta e em especial dos Ribeirinhenses.
Assim, seria importante que a Câmara Municipal da Horta, a primeira entidade a requerer a construção do Farol da Ribeirinha, a Junta de Freguesia e outras entidades oficiais ou privadas com interesse na história e cultura do Faial, iniciarem procedimentos tendentes a classificar e a implemente um projeto de valorização das ruínas do Farol da Ribeirinha, de modo a garantir não só condições de segurança aos visitantes, como também criar um espaço museológico sobre este imóvel e a importância dos faroleiros no século XX e ainda rentabilizar turisticamente a Ponta da Ribeirinha, um miradouro de excelência para o Triângulo do Faial, Pico e São Jorge e destacada em toda a paisagem da costa leste do Faial.
Ribeirinha, 21 de fevereiro de 2014